O gato preto foi por muito tempo considerado um símbolo de mal agouro. A superstição teve origem na idade média, pois acreditavam que por seus hábitos noturnos os felinos tinham parte com o demônio e, se os bichanos fossem da cor preta, é que piorava, pois eram associados as trevas.
Não se sabe se foi pensando nessa mística que o Edgar Allan Poe escreveu o conto O Gato Preto que trago hoje para vocês. Não era muito do estilo do Poe mexer com o sobrenatural, ele trabalhava mais com o lado psicológico e sombrio do ser humano e, apesar de parecer um conto de terror de assombração, logo percebe-se a essência do autor, o terror psicológico. Fica evidente seu estilo de escrita. Ele acreditava que uma boa história tinha que ser rápida, ou seja, poucas páginas, e que o enredo tinha que ser centrado em um núcleo de conflitos e ter ênfase nesse núcleo, ampliando, assim, a capacidade do texto em prender o leitor. trocando em miúdos, Poe queria que seus contos fossem lidos num sentada só de sofá. E nesse conto não é diferente.
A história é narrada pelo personagem principal, um homem que começa a contar que desde criança sempre foi apaixonado por animais de estimação. Recém casado, ele e a esposa têm vários animais em casa, mais o primeiro e mais querido por esse homem é seu gato Plutão, um bichano preto muito apegado ao dono. Até aí tudo lindo e maravilhoso. É quando o enredo começa a pegar os traços da escrita de Poe. O homem começa a se envolver com bebida, tornando-se alcoólatra. Por influência da bebida o homem vai ficando carrancudo, e começa a cismar com o gato. O pobre plutão, passa a ser vítima da bebedeira do dono mas o que é mais interessante, é como o conto mexe com nossos sentidos. As vezes nos perguntamos se o animal realmente não tem um ar maléfico ou se é tudo fruto da imaginação de um bêbado.
Tomado pelo ódio ao felino, num surto de loucura entorpe, ele pega o animal e o enforca. Mesmo sabendo que seu ato é insano, e tomado pelo remorso, o homem se sente aliviado em ter se livrado do bicho.
Com o passar do tempo o homem decide, numa tentativa de redenção, adotar outro gato. Encontra um que surge do nada em seu caminho e o leva para casa. Ainda sobre o efeito da bebida ele vai sentindo um ódio descomunal pelo novo bichano. O animal é todo preto, com exceção de uma mancha branca, que logo o homem percebe ter a forma de uma forca e isso o aterroriza, pois remete a crueldade que levou o pobre Plutão a morte.
O que acontece a partir daí leva esse homem a cometer atos que o empurrarão a sua própria ruína… As cenas finais desse conto mexem com nossa interpretação do que estamos lendo. Por que muitos vão levar para o lado sobrenatural e muitos para o psicológico. Vocês terão que ler para tirar suas próprias conclusões.
O que fica pra mim após a leitura desse clássico do senhor Edgar Allan Poe é sua maestria em nos fazer adentrar nos mais obscuros sentidos existentes no homem, em como o amor e o ódio podem levar o ser humano a cometer as mais terríveis insanidades.
É isso pessoal, mais uma super indicação minha pra vocês que como eu, adora um suspense com uma pitada de terror; E mesmo que não curta tanto, vale a pena ler para conhecer a fabulosa escrita desse mestre do terror, o Edgar Allan Poe.
E essa foi minha segunda leitura do Mês do Horror! E se quiser saber por onde comecei, já fiz a resenha do livro O Vilarejo.
Boa Leitura e até a próxima!!!
FICHA TÉCNICA:
LIVRO: Contos de Terror, de Mistério, e de Morte
AUTOR: Edgar Allan Poe
TRADUÇÃO: Oscar Mendes
EDITORA: Nova Fronteira
PÁGINAS: 142 A 151
ANO: 1981
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